[continuação da atividade de quinta-feira]
* Releia :
É o Silêncio
É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
.......................................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.
4 Analise as frases abaixo e explique o sentido do uso destas figuras
de linguagem:
a)
personificação: Olha-me a estante em cada livro
que olha.
b)
paradoxo: Afonamente rufa.
c)
metáfora: [...] A asa da rima / Paira-me no ar. [...]
5 Analise a intertextualidade do texto abaixo com o poema lido:
Asa
partida
Essa
saudade
O cigarro, a luz acesa
E a noite posta sobre a mesa
Em cada canto da casa
Asa
partida e dor
Gemido morto, amor
Tão longe vai, tão longe vou
Nuvem sem rumo é assim mesmo
Eu
não queria
A vida desse jeito
Meu olho armando o bote sem futuro
Fumaça, e continua o teu sorriso no meu peito
Essa
saudade
O cigarro, a luz acesa
E a noite...
FAGNER, Raimundo; SILVA, Abel. Asa Partida. In: Raimundo
Fagner ao vivo (CD). Rio de Janeiro: EMI/Orós, 2000. v.1, n. 69657312.
Identifique na letra da canção versos ou elementos que
dialogam com o poema “É o silêncio”, de Kilkerry.
6
Leia outro poema de Kilkerry:
Sobre
um mar de rosas que arde
Sobre
um mar de rosas que arde
Em ondas fulvas, distante,
Erram meus olhos, diamante,
Como as naus dentro da tarde.
Asas
no azul, melodias,
E as horas são velas fluidas
Da nau em que, oh! Alma, descuidas
Das esperanças tardias.
KILKERRY, Pedro. In: MORICONI, Ítalo. Os
cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 43.
Identifique versos que:
a)
sugerem o pôr do sol;
b) provocam ambiguidade;
c)
apresentam aliteração e sinestesia;
d)
apresentam rimas ricas (palavras de
classes gramaticais diferentes que rimam entre si).
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