1. Leia o texto abaixo e elabore um resumo com as principais ideias:
Humanismo
No período conhecido como Alta Idade Média, na Europa
ocidental, por volta do século XIV, mudanças socioeconômicas muito profundas
fizeram surgir novas formas de pensar e de viver. Essas mudanças não ocorreram
de repente. Elas vieram se configurando alguns séculos antes, até se
apresentarem como novos traços no pensamento e na cultura. Uma nova mentalidade
se concretizava, com reflexos na economia, na forma de organização do poder e
na produção artística.
Antecedentes
Os comerciantes, que formavam a nova classe social dos
burgueses, ganhavam importância e começaram a competir com a nobreza. Os
camponeses foram expulsos de suas terras pelos senhores feudais e passaram a
vagar pelas estradas e cidades, sem rumo e sem trabalho. Foi um período de
muita fome e de doenças como a Peste Negra, epidemia de peste bubônica que
matou um terço da população europeia.
O poder, que até então era descentralizado e exercido
em cada feudo pelo nobre a que pertencia, tornou-se aos poucos centralizado na
autoridade dos reis. Esse período político é conhecido como Absolutismo.
Também a Igreja, que há séculos vinha exercendo forte
influência sobre todas as camadas sociais, na mentalidade, nos costumes e nas
artes, viu a diminuição de seu papel hegemônico e passou a ser criticada
inclusive pelos próprios seguidores, entre os quais Lutero, que, nesse período
rompeu com a Igreja, criando outra organização religiosa.
Espiritualismo × Humanismo
O pensamento religioso, espiritualista, que
predominava até então, numa visão teocentrista (em que Deus, do grego teos, está no centro das preocupações humanas), deu lugar
a uma visão antropocentrista (em
que o ser humano, do grego anthropos,
está no centro das realizações do universo humano). Essa tensão entre duas
visões diferentes pendeu para o predomínio da visão antropocêntrica,
caracterizando esse período, que foi chamado de Humanismo.
Essa concepção que se foi firmando pode ser explicada
como uma nova maneira de ver o ser humano em toda a sua real humanidade,
desvinculado de sua ligação com o pensamento da Igreja. Assim, o ser humano
passou a ser o senhor de seus pensamentos e atos, sem a tutela da religiosidade
e do ideário católico.
Uma das características desse período foi o despertar
do interesse pela produção cultural dos gregos e romanos, que tiveram seu auge
na Antiguidade – isto é, antes da era cristã –, conhecida como período
Clássico. Dessa forma, houve uma retomada cultural que marcou o Renascimento ou
Renascença, cujo nome indica um novo despertar dos valores da cultura da
Antiguidade clássica. Um exemplo disso é a tela Vênus e Marte, de
Sandro Botticelli, pintada em 1483 (p. 29).
O Humanismo continha as sementes de uma nova era,
chamada de Idade Moderna, e que, paradoxalmente, no campo cultural, voltou-se
para o passado, pois buscou inspiração nos modelos da cultura clássica antiga.
Fernão Lopes, cronista e historiador: o fundador da
prosa portuguesa
Em 1418, Dom Duarte (filho do rei D. João I) nomeou
Fernão Lopes para cuidar dos documentos do reino, na Torre do Tombo. Anos
depois, Fernão Lopes foi também nomeado cronista oficial do reino.
Historiador, Fernão Lopes tinha uma visão moderna dos
acontecimentos em Portugal. Em suas crônicas, o povo aparece pela primeira vez;
há uma visão realista, um apego às coisas terrenas, o oposto da visão
espiritualista que caracterizou o período medieval. Várias dessas crônicas se
perderam, restando somente três que são atribuídas a ele sem questionamento: Crônica
d’El Rei D. Pedro, Crônica d’El Rei D. Fernando e Crônica
d’El Rei D. João I.
Características da poesia humanista portuguesa
No Humanismo português, a poesia também trata do
amor-sofrimento, como no Trovadorismo, mas tem características formais e
temáticas diferentes. Eis algumas delas:
• Separação entre a música e a poesia. A poesia passa
a ser feita para ser declamada nos salões palacianos ou para a leitura
individual, em silêncio. Os poetas passam a buscar o ritmo no jogo de palavras,
sem depender da música.
• Criação de formas poéticas modernas, como o emprego
do verso redondilho: o menor, com cinco sílabas poéticas, e o
maior, com sete sílabas poéticas.
• Novidades temáticas, por influência dos clássicos,
como Ovídio, e dos poetas italianos Dante e Petrarca.
• Descrição das graças físicas da mulher, que deixa de
ser contemplada como um ser idealizado e passa a ser referida em sua humanidade
carnal.
• Descoberta da natureza, dos campos, das florestas,
das montanhas (por influência de Petrarca), que se tornam lugares de refúgio
para as mágoas de amor.
O teatro humanista português: arte dramática para o
povo
Nesse período, tanto a prosa quanto a poesia eram
feitas por nobres e para os nobres. Já o teatro era popular, com peças chamadas autos. Os autos eram influenciados pelo teatro de origem francesa do século XII.
Eram peças curtas, conhecidas como de “mistérios e milagres”, que representavam
cenas bíblicas, sobretudo no Natal e na Páscoa. Tais peças foram inicialmente
encenadas dentro das igrejas. Aos poucos, foram saindo para o pátio em frente
às igrejas e perderam seu caráter religioso, tornando-se profanas (do latim pro =
fora + fanu = do templo). Gil Vicente é
considerado o principal autor desse gênero literário.
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