quinta-feira, 8 de julho de 2021

2º ano - 08 de julho de 2021

Atividade

1 Registre no caderno a alternativa que não se refere ao Humanismo português.

a) No Humanismo, a produção literária escrita é formada por crônicas históricas, poesias palacianas, obras pedagógicas e instrutivas, obras do gênero teatral ou dramático e novelas de cavalaria.

b) Nesse período de transição entre a Idade Média e o Renascimento, chamado de Humanismo, foram produzidas apenas obras destinadas ao público de origem nobre, com caráter didático e moralista.

c) A novela de cavalaria, um gênero ficcional produzido na Idade Média e originário sobretudo da França e da Inglaterra, só apareceu na Península Ibérica mais tarde, e Amadis de Gaula constitui sua expressão mais importante.

d) A nomeação de Fernão Lopes para guardador do acervo documental do reino, na Torre do Tombo, constitui a marca de uma nova mentalidade, pois ele, em suas crônicas, tem uma visão moderna da historiografia, documentando os fatos com objetividade e analisando suas causas econômicas e psicológicas.

e) A mudança da mentalidade que tem na fé a explicação para os fatos e os fenômenos (visão teocêntrica) e o abandono paulatino dessa motivação para a valorização da intervenção humana (visão antropocêntrica) marcam a transição entre a Idade Média e o Renascimento.

2 Leia o trecho a seguir, em que o historiador e primeiro cronista de Portugal, Fernão Lopes, descreve uma cena que se passa na época da Revolução de Avis – uma guerra entre Portugal e Castela, no final do século XIV (1383-1385):

O cerco de Lisboa

[...] Andavam os moços de três e de quatro anos pedindo pão pela cidade pelo amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres; e muitos não tinham outra cousa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste cousa de ver; e se lhes davam tamanho pão como uma noz, haviam-no por grande bem.

Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimento; e vendo lazerar seus filhos a que acorrer não podiam, choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida; muitos esguardavam as preces alheias com chorosos olhos, por cumprir o que a piedade manda; e, não tendo de que lhes acorrer, caíam em cobrada tristeza. [...]

LOPES, Fernão. In: PINHEIRO, Eduardo (Org.). Crônica de D. João I: trechos escolhidos. Porto: Figueirinhas, s/d.

madre: mãe.
desfalecer: diminuir, minguar; faltar.
lazerar: fazer sofrer; danificar; expiar.
acorrer: socorrer.
“choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida”: choravam a morte de seus filhos mesmo antes que eles morressem.
esguardar: olhar, observar.

Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa


Registre no caderno as alternativas que se aplicam ao texto lido.

a) Retrata o sofrimento das mães e a fome que ameaçava a vida de seus filhos.

b) Apresenta uma visão humanista da realidade vivida pelo povo naquela época.

c) Descreve as consequências da guerra, com o objetivo de sensibilizar o leitor.

d) Apresenta uma visão espiritualista, característica própria do medievalismo.

e) Retrata a cena como se o narrador estivesse no local onde ela se passa.


 

Página 31

3 Leia estas informações:

O drama de D. Pedro e Inês de Castro

Em uma das passagens da Crônica de El-Rei D. Pedro I, Fernão Lopes relata o mais famoso drama de amor da história lusitana: o romance entre Dom Pedro I, O Justiceiro (8º rei de Portugal) e Inês de Castro.

Em 1340, o infante Dom Pedro (antes de ser coroado) casou-se com D. Constança, infanta de Castela, mas, pouco tempo depois, apaixonou-se por Inês Pires de Castro, nascida na Galícia (Espanha) e dama de companhia (aia, serva) de D. Constança.

O rei Dom Afonso IV, pai do infante, expulsou Inês de Portugal, mas, após a morte de D. Constança, Dom Pedro fez com que sua amada voltasse ao país e casou-se secretamente com ela. Eles tiveram quatro filhos.

A situação criou problemas políticos. Os conselheiros do rei temiam a influência castelhana por intermédio dos irmãos de Inês. Então, obtiveram do rei D. Afonso IV permissão para matar Inês. Dom Pedro ficou desesperado e entrou em luta contra o pai, mas o conflito foi apaziguado pela rainha. D. Pedro, contudo, não se conformou.

Quando se tornou rei, D. Pedro mandou desenterrar Inês e coroar o seu cadáver. Garcia de Resende (1470-1536), poeta que organizou, na época, o Cancioneiro geral, narra o fato em Trovas à morte de D. Inês de Castro. Mais tarde, no Renascimento, esse episódio também foi cantado em versos pelo poeta português Luís Vaz de Camões, que assim se referiu a Inês: “aquela que depois de morta foi rainha”.

Essa história da vida real se tornou tema de muitas obras ficcionais, um mito do amor trágico entre um rei e uma estrangeira.

infanta: filha de reis, mas que não é herdeira do trono, assim como infante.

Agora, leia a estrofe de um poema do Cancioneiro geral que tematiza esse episódio:

Trovas à morte de D. Inês de Castro

[...]
Fala D. Inês:

– Qual será o coração
tão cru e sem piedade
que lhe não cause paixão
uma tam grã crueldade
e morte tão sem razão?
Triste de mim, inocente,
que por ter muito fervente
lealdade, fé, amor,
ao príncipe, meu senhor,
me mataram cruamente!
[...]

Cancioneiro geral. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda,1990-1993. v. IV. p. 301-307.

Biblioteca Nacional da Espanha, Madri

Inês de Castro. Detalhe de gravura de Wiliam Skelton (1763-1848) produzida em meados do século XIX.

a) Identifique no poema a voz que fala, ou seja, o eu poético.

b) Como você interpreta esses versos?

4 Rubrica (no teatro, na poesia, na dança ou na música) é um termo usado para a indicação escrita de quem vai entrar ou sair do palco, quando e como, de como deverá ser feita uma mudança de cenário, um movimento cênico, uma fala, um gesto do ator ou, ainda, de que maneira deve ser executado um trecho musical. Qual é a rubrica que aparece no trecho da cantiga que você leu e com que objetivo?


 

Página 32

5 Do episódio lírico-amoroso de Inês de Castro surgiu uma citação que se popularizou na fala brasileira: “Agora Inês é morta...”. Registre no caderno a alternativa que não corresponde ao sentido dessa expressão.

a) A morte é a única alternativa que resta.

b) Não há mais solução possível. Agora é tarde.

c) Não adianta reclamar do que já está consumado.

d) O que não tem remédio remediado está.

e) Não adianta chorar o leite derramado.


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