Leia o texto abaixo e elabore um esquema com as informações mais importantes.
A crônica através dos tempos
A palavra crônica está associada ao termo
latino chronos e ao termo grego khrónos. Khrónos é o nome de um deus grego,
filho de Urano (o Céu) e Gaia (a Terra). Na mitologia grega, ele devora seus
próprios filhos e simboliza o tempo.
Na Roma Antiga, a palavra chronica nomeava
o registro de fatos históricos verídicos em ordem cronológica, de forma
objetiva, sem as avaliações e interpretações do cronista.
Eram também classificadas como crônicas as descrições
da origem de uma família nobre, da vida de um rei e dos santos, e as narrativas
dos viajantes, catequizadores etc.
Em Portugal, na Idade Média, os chamados cronicões
eram relatos dos fatos burocráticos, das iniciativas reais. O cronista Fernão
Lopes é considerado o fundador da prosa portuguesa, pois empregava recursos
literários em suas crônicas. Outros cronistas portugueses do século XV são
Gomes Eanes de Zurara e Rui de Pina.
Após a invenção da prensa de tipos móveis (imprensa) por Joahannes Gutenberg (provavelmente entre os anos de 1444 e 1454), esse tipo de narrativa passou a ser mais conhecido e lido pelo povo, principalmente nos países europeus.
Como registro de uma época, a crônica foi mudando ao
longo do tempo. Assim, na Inglaterra, no século XIX, as crônicas publicadas na
imprensa adquiriram características literárias e jornalísticas. Tornaram-se
textos leves, de caráter pessoal, mas relevantes.
A crônica literária no Brasil
Alguns estudiosos da crônica brasileira consideram a Carta
do Achamento, de Pero Vaz de Caminha,
o primeiro exemplar do gênero em nosso país. Dessa forma, a literatura
brasileira teria se originado da crônica.
A crônica literária brasileira firmou-se a partir da
segunda metade do século XIX, quando começaram a se desenvolver a indústria, a
imprensa, o comércio e a vida cultural nas grandes cidades. Nessa época, a
crônica, que recebia o nome de folhetim, era uma seção de jornal em que se
publicavam pequenos contos, poemas em prosa, artigos a respeito de fatos
políticos, sociais, artísticos e literários do dia ou da semana.
No Brasil, esse gênero modificou-se ao longo do tempo
e foi incorporando a linguagem literária, as funções emotiva e estética. Isso devido à
produção de escritores como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Manuel
de Macedo e Raul Pompeia, que publicavam nos jornais crônicas em que comentavam
os fatos do cotidiano. Esses autores tinham como público-alvo as mulheres. Lima
Barreto, Antonio Maria e João do Rio deram continuidade a essa tradição.
As
funções da linguagem são estudadas no capítulo 3 da frente Integrando linguagens.
No século XX, destacaram-se algumas cronistas, entre
elas Carmen Dolores, Júlia Lopes de Almeida, Rachel de Queiroz, Clarice
Lispector, Cecília Meireles e Eneida Moraes.
A partir da segunda metade do século XX,
principalmente nos grandes centros urbanos, a crônica tornou-se um dos gêneros
mais populares do país, explorando os acontecimentos do dia a dia, os costumes
e o comportamento das pessoas. Esse gênero literário passou a ocupar um lugar
privilegiado no cenário literário nacional. Em razão disso, muitos contistas,
romancistas, poetas, jornalistas, assim como profissionais de outras áreas −
sociólogos, antropólogos, psicanalistas, economistas, cientistas, esportistas,
compositores, e educadores –, têm se dedicado a ele.
Entre os cronistas brasileiros, podemos destacar
Stanislaw Ponte Preta, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes
Campos, Hélio Pellegrino, Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Nelson Rodrigues,
Moacyr Scliar, João Antônio, Armando Nogueira, Luis Fernando Verissimo, Carlos
Heitor Cony, Millôr Fernandes, Zuenir Ventura, Ferreira Gullar, Ignácio de
Loyola Brandão, José Simão, Ruy Castro e Antônio Prata.
Esses e outros cronistas dão um caráter peculiar ao
gênero no país, produzindo crônicas narrativas, descritivas, argumentativas,
expositivas, sentimentais, filosóficas, reflexivas, poéticas, humorísticas,
irônicas e críticas a respeito de temas do cotidiano ou de fatos culturais,
esportivos, políticos, sociais, entre outros.
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