* Leia o poema abaixo:
A catedral
Alphonsus
de Guimaraens
Entre
brumas ao longe surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!
O
astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.
E
o sino clama em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!
Por
entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.
E
o sino chora em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!
O
céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E
o sino geme em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!
GUIMARAENS, Alphonsus de. In: BANDEIRA, Manuel (Org.). Antologia
dos poetas brasileiros. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1996. p. 72-73.
01. O poema tem como tema
a) o tédio que o transcorrer do dia provoca no poeta.
b) a angústia íntima do poeta contemplando a vida e os
sonhos dissipados.
c) a tristeza de quem passa a vida cultivando ilusões e
decepções.
d) o amor pela natureza e a busca pela salvação divina.
02. A característica simbolista da nebulosidade é
expressa no verso
a) “E o sino canta em lúgubres responsos”
b) “A catedral ebúrnea do meu sonho”
c) “Entre brumas, ao longe, surge a aurora”
d) “Vem açoitar o rosto meu”
03. No verso “Põe-se a lua a rezar”, temos
a) uma
aliteração b) uma
elipse c) um
anacoluto d) um hipérbato
04. O sentimento de religiosidade do eu-lírico é expresso
em
a) “Agoniza o arrebol”
b) “Recebe a bênção de Jesus”
c) “O céu é todo trevas: o vento uiva”
d) “Refulgente raio de luz”
05. Há personificação no verso
a) “Aparece na paz do céu tristonho”
b) “Por entre lírios lilases desce”
c) “Onde meus olhos tão cansados ponho”
d) “O hialino orvalho se evapora”
06. Os dobres do sino a repetir “Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!” sugere
a)
ansiedade b)
apatia c)
autocompaixão d) amargura
07. Seguindo a sequência do poema, o sino canta, clama,
chora e geme, a escolha dessas ações revela
a) uma gradação emocional
b) uma confusão mental
c) uma inquietação física
d) uma indecisão poética
08. A tensão no poema evolui até atingir uma ideia
a) de renascimento b) de
loucura c) de
desespero d) de morte
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