segunda-feira, 15 de junho de 2020

7º ano C e D

Aula de hoje: texto narrativo 

Leia o texto abaixo para responder o que se pede:

O irmão imaginário

                                                         Moacyr Scliar

 

    Até os nove anos, Paulinho foi filho único. Filho único e muito amado. Os pais não eram ricos - o pai era mecânico, a mãe trabalhava como caixa num supermercado -, mas cuidavam do menino com o maior carinho; colocaram-no numa boa escola, compravam-lhe roupas, brinquedos, livros. Era como se quisessem indenizá-lo pelo fato de ser filho único.

        Paulinho não sabia porque os pais não haviam lhe dado um irmão ou uma irmã. Algum problema havia; muitas vezes surpreendia os dois sentados lado a lado na sala, muito tristes, a mãe frequentemente com os olhos vermelhos de choro. Nas poucas vezes que perguntou a respeito, recebeu respostas evasivas; logo se deu conta de que aquele era um assunto difícil, sobre o qual não poderia falar.

        Mas a verdade é que, mesmo tendo amigos - e ele tinha muitos amigos na vizinhança - Paulinho sentia-se só. Precisava de companhia. Precisava de um irmão com quem pudesse partilhar suas dúvidas, suas aflições, seus sonhos também.

        Acabou por criar um irmão imaginário.

        Chamava-se Joel. Porque escolhera esse nome, não saberia dizer; ocorrera-lhe de repente, e pronto, Joel passara a existir. Mas não morava na casa, junto com a família; com tábuas e lona, Paulinho construiu para ele uma cabana, no fundo do pátio. Era uma cabana pequena, mas servia bem: como Paulinho, Joel era pequeno e magro. Na verdade os dois eram idênticos, quase como se fossem gêmeos.

        Todos os dias Paulinho visitava Joel. Entrava na cabana escura e ali ficava, sentado ao lado do irmão imaginário. Falava horas; contava coisas sobre os pais, sobre os amigos, sobre a escola... Era um monólogo, porque Joel nunca respondia. Não era preciso; tudo o que Paulinho queria do irmão imaginário era que ele o ouvisse. E tinha certeza de que Joel era um ouvinte atento, como um verdadeiro irmão deve ser. Atento e inspirador: Paulinho fazia-lhe uma pergunta - e de imediato a resposta lhe ocorria. E era sempre a resposta certa, a resposta confortadora.

        Vários anos se passaram assim. Anos felizes, mas com momentos de apreensão. Cada vez que caía um temporal, por exemplo, Paulinho entrava em pânico: como estaria o Joel em sua cabana? Não estaria assustado, molhado de chuva? Não foi uma nem duas noite que correu para o fundo do pátio, debaixo do aguaceiro, para se certificar de que estava tudo bem, que a cabana continuava no lugar.

        Os pais não desconfiavam de nada. Achavam que a cabana era um lugar de brinquedo do filho, só isso. Paulinho nunca lhes falou do irmão imaginário; era um segredo dele, não podia ser partilhado.

        Mas então um dia aconteceu. Poucos dias antes de Paulinho completar dez anos, os pais o chamaram. Vacilando muito, o pai lhe disse que, durante todos aqueles anos, eles tinham tentado dar ao filho um irmão ou uma irmã, mas por vários problemas não o haviam conseguido. Agora, porém, tinham chegado a uma decisão:

        Paulinho ganharia, sim, um irmão. Adotivo.

        ---Até pensamos num nome - disse a mãe, emocionada. - Um nome do qual sempre gostamos. Mas caberá a você decidir. O que você acha de chamarmos seu irmãozinho de Joel?

        Os olhos cheios de lágrimas, Paulinho fez que sim com a cabeça. Mais tarde, foi até a cabana. Entrou, contou o que havia sucedido ao irmão imaginário. Que, como de costume, nada disse. Mas quando Paulinho estava saindo, ouviu uma voz sussurrando baixinho:

        ---Seja feliz, Paulinho, com seu irmão.

        E nesse momento ele teve a certeza de que seria feliz, muito feliz, com o irmão Joel.



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Copie e responda  a atividade no caderno. 

Atividade 

1. Do que trata o texto lido? 

2. Que problema vive o personagem do texto? 

3. Quem são:
a) Os personagens do texto?

b) O narrador do texto? 

Até a próxima!





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