segunda-feira, 1 de junho de 2020

7º ano C e D - Tarde - EMEF Dom. Lizete de Oliveira Farias Escrita E Escritos

Boa tarde!

COPIE AS PERGUNTAS E RESPONDA-AS EM SEU CADERNO (Não precisa copiar o texto).


NO DIA EM QUE O GATO FALOU

 

          Era uma vez uma dama gentil e idosa que tinha um gato siamês. Gato de raça, elegante, de ânimo cristão. Lindo gato, gato terno, amigo, pertencente a uma classe quase extinta de antigos deuses egípcios. Este gato só faltava falar.  Manso e inteligente, seu olhar era humano. Mas falar não falava. E sua dona, triste, todo dia passava uma ou duas horas, repetindo sílabas e palavras para ele na esperança de que um dia aquela inteligência que via em seu olhar explodisse em sons compreensivos e claros. Mas, nada!

              A dama gentil e idosa era, naturalmente, incapaz de compreender o fenômeno. Tanto mais que ali mesmo à sua frente, preso a um poleiro de ferro, estava um outro ser, também animal, inferior até ao gato, pois era somente uma pobre ave, mas que falava! Falava mesmo, muito mais do que devia. Um papagaio, que falava pelas tripas do Judas. Curiosa natureza, pensava a mulher, que fazia um gato quase humano, sem fala, e um papagaio cretino, mas tagarela. E quanto mais meditava mais tempo gastava com o gato no colo, tentando métodos, repetindo silabas, redobrando cuidados para ver se conseguia que seu miado virasse fala.

          Exatamente no dia 16 de maio de 1958 foi que teve a ideia genial. Quando a ideia iluminou seu cérebro, perguntou-se: “Mas, como não me ocorreu isso antes?” O papagaio viu no brilho do olhar da dona o seu terrível destino e tentou escapar, mas estava preso. Foi morto, depenado e cozinhado em menos de uma hora. Pois o raciocínio da mulher era lógico e científico: se desse ao gato o papagaio como alimentação, não era evidente que o gato começaria a falar?  Não era? Veria. 

        O gato, a princípio, não quis comer o companheiro. Temendo ver fracassado o seu experimento científico, a dama gentil e idosa procurou forçá-lo. Não conseguindo que o gato comesse o papagaio, bateu-lhe mesmo – horror! – pela primeira vez. Mas o gato se recusou. Duas horas depois, porém, vencido pela fome, aproximou-se do prato e engoliu o papagaio todo. Imediatamente subiu-lhe uma ânsia do estômago, ele olhou para a dona e, enquanto esta chorava de alegria, começou a gritar (num tom meio currupaco, meio miau-miau-miau, mas perfeitamente compreensível):

– Madame, foge pelo amor de Deus! Foge, madame, que o prédio vai cair!

        A mulher, tremendo de emoção e alegria, chorando e rindo, pôs-se a gritar por sua vez.

– Vejam, vejam, meu gatinho fala! Milagre! Fala o meu gatinho!

        Mas o gato, fugindo ao seu abraço, saltou para a janela e gritou de novo:

– Foge, madame, que o prédio vai cair! Madame, foge! – e pulou para a rua.

     Nesse momento, com um estrondo monstruoso, o prédio inteiro veio abaixo, sepultando a dama gentil e idosa em meio aos seus escombros. O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio, ficou vendo o tumulto diante do desastre e comentou apenas, com um gato mais pobre que passava:

– Veja só que cretina. Passou a vida inteira para fazer eu falar e no momento em que falei, não me prestou a mínima atenção.

MORAL: O mal do artista é não acreditar na própria criação.

(Millôr Fernandes – adaptado para esta atividade)

 

 

1.      A frase  “Este gato só faltava falar” tem o mesmo significado que:

a)      a) Falar é só o que falta a este gato.

b)      b) Este gato, quando fica sozinho, tenta falar.

c)      c) Só este gato é que não fala.

d)      d) Só este gato é que fala sozinho.

 

2.      Em “... e um papagaio cretino, mas tagarela...”, a expressão em destaque indica que o papagaio era:

a)     a) Pouco inteligente, mas muito falante.

b)     b) Crente, mas muito falante.

c)     c) Pouco instruído, mas muito observador.

d)     d) Pouco bobo, que não sabia falar.

 

3.      Em “O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio...”, a palavra em destaque significa:

a)      a) Assustadoramente.

b)      b) Tristemente.

c)      c) Nervosamente.

d)      d) Timidamente.

 

4.      Sobre a fala do gato no último parágrafo, pode-se afirmar que:

a)      Causa estranhamento pois nenhum gato pode falar e o conto não prepara o leitor para a fala do gato.

b)      Provoca humor, pois ao conseguir fazer o gato falar, a dona nem ao menos prestou-lhe atenção.

c)      Provoca revolta, pois um gato não deveria utilizar palavras ofensivas para sua dona.

d)     Não tem nenhuma importância para a compreensão do conto.

 

5.      Assinale a alternativa na qual a expressão “piscar de olhos” não esteja no sentido figurado:

a)      E a dessa menina acabou ficando famosa num piscar de olhos

b)      Saímos para a rua e o sol obriga-nos a piscar os olhos.

c)      Num piscar de olhos o menino subiu na árvore e pegou as frutas.

d)     Depois que chegaram as encomendas o jovem as abriu num piscar de olhos.







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