* Releia :
É o Silêncio
É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
.......................................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.
1
O que pode simbolizar o título do poema?
2
Explique no caderno a alternativa que não está
de acordo com o poema de Kilkerry.
a)
Conflito entre necessidade e dificuldade
de se expressar.
b)
Busca consciente e inconsciente de inspiração.
c)
Ausência da amada, impossibilitando a
criação.
d)
Cenário doméstico.
e)Vigília
noturna.
3
Comente o uso das palavras e expressões
destacadas nos versos a seguir, no contexto do poema.
a)
[...] E enfolha / A natureza tua natureza.; E a câmara muda. E a sala muda, muda....
b)
E a câmara muda.
E a sala muda, muda...; Afonamente rufa.; Tão longe se aveluda esse teu passo.
c)
vela acesa; a luz nalgum volume sobre a mesa...;
Ainda a lua esfia; as asas de um morcego.
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