PRODUÇÃO DE TEXTOS
ORAIS E ESCRITOS
https://youtu.be/dNnP3k1Wz_k
A crônica é
um gênero textual que transita entre o texto jornalístico e o literário. As
crônicas geralmente tratam de questões do cotidiano e permitem o uso da
linguagem coloquial.
Leia a seguir uma crônica de Fernando
Sabino que ilustra essa situação.
Conversinha mineira
Fernando Sabino
– É bom mesmo o cafezinho daqui, meu
amigo?
– Sei dizer não senhor: não tomo café.
– Você é dono do café, não sabe dizer?
– Ninguém tem reclamado dele não senhor.
– Então me dá café com leite, pão e
manteiga.
– Café com leite só se for sem leite.
– Não tem leite?
– Hoje, não senhor.
– Por que hoje não?
– Porque hoje o leiteiro não veio.
– Ontem ele veio?
– Ontem não.
– Quando é que ele vem?
– Tem dia certo não senhor. Às vezes
vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.
– Mas ali fora está escrito “Leiteria”!
– Ah, isto está sim senhor.
– Quando é que tem leite?
– Quando o leiteiro vem.
– Tem ali um sujeito comendo coalhada. É
feita de quê?
– O quê: coalhada? Então o senhor não
sabe de que é feita a coalhada?
– Está bem, você ganhou. Me traz um café
com leite sem
leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua
cidade?
– Sei dizer não senhor: eu não sou
daqui.
– E há quanto tempo o senhor mora aqui?
– Vai para uns quinze anos. Isto é, não
posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
– Já dava para saber como vai indo a
situação, não acha?
– Ah, o senhor fala a situação? Dizem
que vai bem.
– Para que Partido?
– Para todos os Partidos, parece.
– Eu gostaria de saber quem é que vai
ganhar a eleição aqui.
– Eu também gostaria. Uns falam que é
um, outros falam que outro. Nessa mexida...
– E o Prefeito?
– Que é que tem o Prefeito?
– Que tal é o Prefeito daqui?
– O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
– Que é que falam dele?
– Dele? Uai, esse trem todo que falam de
tudo quanto é Prefeito.
– Você, certamente, já tem candidato.
– Quem, eu? Estou esperando as
plataformas.
– Mas tem ali o retrato de um candidato
dependurado na parede, que história é essa?
– Aonde, ali? Ué, gente: penduraram isso
aí...
SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. 15. ed. Rio de Janeiro: Record,
1988. p. 136-138.
- Do que trata o texto lido? (Escreva um parágrafo de ao menos 5 linhas).
- Transcreva um trecho de humor da crônica.
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