AULA DE HOJE: RESENHA (continuação)
Excalibur – Clássicos
Carlos
Eduardo Corrales
Título original: Excalibur
País de origem: EUA
Ano: 1981
Baseado
no clássico Le Morte
D’Arthur, de Sir Thomas Mallory,
Excalibur conta
uma das histórias mais conhecidas e influentes da literatura mundial. Realizado
no longínquo ano de 1981, tive oportunidade de assisti-lo pela primeira vez há
alguns poucos anos. Excalibur foi, aliás, o primeiro filme que
rodou no meu aparelho de DVD. E não podia ter estreado melhor.
Excalibur pode ser dividido em três partes:
1) a introdução, que mostra Uther Pendragon e sua sede por poder; 2) a ascensão
do Rei Arthur e a criação da Távola Redonda; 3) a queda da Távola Redonda. E
minhas opiniões sobre elas são bem claras: as duas primeiras partes são
fenomenais, enquanto, na terceira, o filme se perde feio. Mas vamos por partes.
Como você já deve saber, Excalibur é o nome da espada dos reis. Incumbida de um grande poder (My precious...), foi cravada em uma pedra por Uther Pendragon (Gabriel Byrne), e a lenda dizia que apenas aquele cujo destino fosse se tornar o rei poderia retirá-la dali. Periodicamente, a galerinha se reunia em torneios cujo cavaleiro vencedor ganharia o direito de tentar arrancar a arma da formação rochosa. Mas o que ninguém esperava acontece: um reles escudeiro de nome Arthur (Nigel Terry), cuja maior pretensão era servir a seu irmão, retira “sem querer” a espada de seu repouso. Essa é uma das primeiras cenas do filme, logo após a introdução, onde Uther coloca a espada na pedra, e é também uma das mais legais.
Obviamente
os orgulhosos cavaleiros não aceitariam a afronta de serem governados por um
escudeiro e se dividem entre aqueles que apoiam o pobre Arthur e aqueles que
não o aceitam. Obviamente, Arthur acaba vencendo os teimosos e se torna o rei
da profecia, destinado a unificar todas as terras sob um único reino. Em uma
das cenas mais emocionantes (ainda no começo do filme), Arthur derrota o líder
dos teimosos e, com Excalibur no seu pescoço, diz: “Jure
lealdade a mim e terá misericórdia”, ao qual Uryens (o derrotado) se recusa,
pois não aceitará se curvar ante um escudeiro. Arthur então entrega Excalibur para Uryens e fala: “Tem razão,
não sou um cavaleiro. Você vai me tornar um”. E se ajoelha em uma atitude de
coragem digna de um cavaleiro. Simplesmente demais.
Outra
cena muito legal é o encontro de Arthur com aquele que seria o principal e mais
famoso cavaleiro da Távola Redonda, Lancelot. Desse encontro, uma grande
amizade surgiria, mas também seria plantada a semente do fim, pois Lancelot
seria o principal responsável pela queda da Távola, provando que o amor é
realmente um dos sentimentos mais perigosos conhecidos pela humanidade (como
diz o Bruno Sanchez, aqui do DELFOS).
Também
são fantásticas as demonstrações da ideologia dos cavaleiros, que tratam de
honra, humildade, lealdade e amizade. Como não sou um expert em História (a escola onde estudei se concentrou apenas em
História do Brasil, Revolução Francesa e Revolução Industrial, mesmo eu tendo
sempre me interessado mais por Grécia, Egito e Idade Média), não sei se esses
ideais eram seguidos realmente pelos cavaleiros, mas pelo menos em teoria é uma
ideologia muito bonita. Na verdade, creio que ela não é seguida, já que, mesmo
no filme, existe muita arrogância e traição.
Claro
que, por mais que as duas primeiras partes sejam fantásticas, elas não são
perfeitas. As lutas não são muito legais. Realmente, não parece que as espadas
cortam os cavaleiros, já que a armadura cobre seus corpos inteiros e, quando
alguém acerta a espada no oponente, parece ser apenas um golpe de impacto, não
de corte. E, cinco segundos depois, o carinha cai no chão cheio de sangue.
Outro
problema é o Merlin (Nicol Williamson), que, apesar de ser, junto com Gandalf
de O Senhor dos Anéis,
um dos personagens mais legais da literatura (pois é, eu sempre gostei mais dos
magos), comparece aqui com um visual que de mago não tem nada. Poxa, onde está
o cabelo comprido e a longa barba branca? Mas não é apenas o visual o problema
deste Merlin, já que sua interpretação é exagerada, dando um ar cômico para um
personagem que deveria ter um ar de sabedoria.
E
agora chegamos na parte ruim: após o casamento de Arthur e a aparição da bruxa
Morgana Lefay, a discórdia começa a ser semeada onde antes existia apenas
amizade e lealdade. E aí o filme decai muito. Depois da traição de um de seus
melhores amigos (que muito provavelmente você já saiba quem é, mas não vou
contar para não estragar a surpresa de quem ainda não sabe), Arthur se separa
da espada e começa a ficar doente, e o motivo explicado para tal, além de ser
explicado de forma muito sutil, não convence.
Ele manda seus cavaleiros procurarem o Santo Graal e novamente os espectadores pensam: “Para que diabos ele quer o Santo Graal?”. E lá vão seus cavaleiros procurarem pelo cálice sagrado, em uma sequência entediante, onde outra cena sem explicações acontece. Lancelot aparece como um profeta junto com alguns seguidores, mas nenhuma outra referência a essa cena é feita no decorrer do filme. A impressão que deixa é que o diretor John Boorman teve que correr com a história para conseguir contar tudo em tempo hábil (o filme tem 140 minutos), não tendo tempo para desenvolver os assuntos, mas, mesmo assim, quis colocar todos eles na fita.
Outro
defeito é Mordred, um dos vilões mais mal aproveitados da história do cinema.
Quer a prova? Pense em um jovem cavaleiro sanguinário. Pensou? Ele, por acaso,
tem a cara do Macaulay Culkin? Pois é, o Mordred do filme tem (não, ele não é
interpretado pelo astro de Esqueceram
de mim, apenas por um sósia mais velho). E pior, até sua armadura é
ridícula. Chegaram ao absurdo de colocar cachinhos dourados em seu capacete.
Faça-me o favor, né?
Felizmente,
o filme volta a engrenar nos seus últimos minutos, que contam com uma das cenas
mais famosas da história do cinema: a mão (da Dama do Lago) segurando a espada
e voltando para o fundo do mar. Mas, mesmo assim, a impressão que dá é que o
filme deveria ter terminado mais cedo, sem entrar na busca pelo Santo Graal e no declínio da Távola Redonda.
Um
outro atrativo do filme é brincar de
Onde está Wally, procurando Patrick Stewart (que o público deve
lembrar como o Professor X, de X-
-Men; e os mais nerds como o Capitão Picard, de Star Trek) e Liam Neeson
(que os nerds vão lembrar como o Qui-Gon Jinn,
de Star Wars – Episódio I).
A
impressão que fica é que Excalibur é um filme irregular. Seus
primeiros 100 minutos (aproximadamente) são espetaculares; mas depois o filme
se perde na complexidade da história original. Mesmo assim, vale ser assistido
por todos aqueles que gostam de um bom épico, pois se trata de uma história de
honra, amizade, lealdade, sedução, traição e magia. Indispensável para fãs de heavy metal, que vão
encontrar aqui a origem de muitos nomes já conhecidos das letras das músicas ou
nomes de bandas, como Guinevere, Gawain, Morgana Lefay etc.
Excalibur está disponível no Brasil em um
DVD completamente desprovido de extras e contendo apenas o idioma original. Por
outro lado, a imagem e o som estão bem legais e o DVD sai pela metade do preço
de um DVD normal (eu paguei 25 reais).
Delfos – Semana Excalibur – Clássicos. Disponível em:
<www.delfos.jor.br/conteudos/index_interna.
php?id=291&id_secao=1&id_subsecao=2>. Acesso em: 2 fev. 2016.
1
No caderno, numere as informações e
opiniões a seguir na ordem em que foram apresentadas na resenha que você leu.
a)
Traz informações a respeito do DVD, como
qualidade do som, idioma, preço.
b)
Faz reflexões a respeito do amor e da
amizade, assim como da dificuldade de se praticarem os valores que caracterizam
a ideologia dos cavaleiros medievais.
c)
O resenhista explicita que o filme é
baseado em uma obra clássica.
d)
Apresenta um resumo do filme, os
personagens e os atores que os interpretam.
e)
Ele relata seu primeiro contato com a
obra.
f)
Faz considerações a respeito do trabalho
do diretor e recomenda o filme.
g)
Apresenta a estrutura organizacional do
filme e elogia as duas primeiras partes.
h)
Explicita críticas à terceira parte do
filme.
i)
Reitera as qualidades da primeira e da
segunda parte, mas faz ressalva aos efeitos especiais ali empregados.
j)
Critica a indumentária do personagem
Merlin e a interpretação do ator.
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